O IAB-SP, realizador da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, depois de deixar aberta a consulta pública sobre o edital de 10 a 25 de outubro, lança, dia 04 de novembro, o concurso para o processo seletivo de Co-Curadoria da 13ª BIA, que acontecerá no ano de 2022. As propostas podem ser enviadas pelo site da Bienal até o dia 24 de janeiro de 2021. Esta edição conta com uma comissão composta por 12 membros, que inclui representantes do IAB de outros Estados para conferir pluralidade no acompanhamento do evento de alcance nacional e internacional.
Diante dosdesafios impostos pela Covid-19, a 13ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo traz como provocação central inicial a RECONSTRUÇÃO, um convite a um amplo debate, com reflexões e propostas que apontem para práticas sociais, arranjos espaciais e as possibilidades de (sobre)viver e transformar a realidade em áreas urbanas e rurais. “Parte-se da ideia de reedificar, refundir e renovar as relações dos grupos sociais com seus espaços domésticos, dos cidadãos com os espaços públicos e das tramas pessoais e profissionais, que ocorrem nos espaços de confinamento e nos de usos coletivos, durante e depois da pandemia”, destaca Sabrina Fontenele, curadora residente desta edição e diretora cultural do IAB-SP.
Para tanto, o Concurso de Co-Curadoria propõe para o desdobramento do conceito de RECONSTRUÇÃO, cinco eixos norteadores: Democracia, Corpos, Memória, Informação e Ecologia. Segundo Fontenele, o evento deve, ainda, priorizar uma rede de equipamentos públicos e comunitários onde estão desenvolvidos projetos integrados de transformação urbana e ambiental em diálogo com as comunidades locais (Jardim Guarani, Jardim Pantanal, Parque Pinheirinho D’Água, Jardim Lapenna e Parque Novo Mundo) em parceria com o Pacto Pelas Cidades Justas; e, também, equipamentos culturais e espaços públicos no eixo da Avenida Paulista para abrigar exposições, debates e atividades que envolvam as populações na cidade.
“Este processo buscará contribuir com o fortalecimento de uma rede de colaboração - envolvendo universidades, instituições culturais, movimentos sociais, entre outros - que atuem frente a um pacto social para compartilhar projetos, narrativas, experiências, ferramentas que possibilitem compreensão, atuação e transformação do ambiente e da cultura urbana”, completa Fernando Tulio Salva Rocha Franco, presidente do IAB-SP.
Sobre os eixos:
Em um país que enfrenta ameaças de recessão democrática, o eixo Democracia sugere pensar como tornar as cidades mais acessíveis, seguras, acolhedoras, convidativas, mas também lugar onde contrastes e conflitos são latentes, discutindo questões sobre a presença das diversas classes sociais, das raças e dos gêneros. Também se propõe que sejam levantadas soluções inovadoras em relação ao planejamento e gestão democrática, a partir de experiências vinculadas ao território.
Já Corpos lança a discussão para a relação entre espaço e temas como interseccionalidade, vulnerabilidades e políticas sociais. Sugere uma reflexão sobre como garantir práticas coletivas tendo em vista questões de saúde pública, discriminação, violência e violações de direitos, de maneira a repensar como garantir acesso, convivência e circulação de pessoas nas cidades. Além disso, anuncia a urgência de garantir programas específicos para grupos específicos, como crianças, jovens, idosos, portadores de necessidades especiais, especialmente nos territórios vulneráveis em meio à crise imposta, ampliando o debate sobre as vulnerabilidades dos corpos nos fluxos pela cidade. Em relação aos espaços arquitetônicos, propõe ainda uma reflexão sobre a flexibilidade dos espaços domésticos, profissionais e institucionais frente ao desafio de garantir usos diversos e saúde coletiva no contexto de isolamento e de retomada das atividades.
Memória entende-se como o agente coletivo que nos confronta diante do estranhamento de um novo mundo e nos conforta em relação às suas permanências, mas também como um processo de reelaboração permanente deste passado no presente e que possui a propriedade de conservar ou de apagar certas informações, lançamos o desafio de compreender como utilizar a preexistência para a reinvenção do cotidiano nas cidades. Este eixo também visa refletir como a arquitetura e a infraestrutura urbana podem colaborar para a construção de uma memória coletiva que torne mais acolhedor o processo de (re)ocupação, (re) construção e (re) significação das cidades.
Por sua vez, Informação abre horizontes para o debate de políticas urbanas e sociais a partir de uma temática que toca todos os aspectos da vida contemporânea, mas ainda está restrita a especialistas. A ideia é lançar luz sobre as questões de privacidade e proteção de dados, bem como às experimentações com modelos de governança de dados públicos e privados no gerenciamento dos corpos e das práticas cotidianas, estimulando o debate sobre cartografias colaborativas, reconhecimento facial, discriminação algorítmica, internet das coisas e ciência de dados urbanos em uma perspectiva de governança de cidades.
Fecha os cinco eixos Ecologia, tema fundamental para o equilíbrio entre áreas urbanas e naturais, propõe a reflexão sobre o planejamento de cidades atentas ao equilíbrio ambiental e ao desenvolvimento de atividades produtivas, voltados para a qualidade de vida de sua população a partir de temas como mudanças climáticas, cidades de baixo carbono, agricultura urbana e segurança alimentar.
Em julho e agosto de 2020, foram realizados debates preparatórios para o concurso de co-curadoria com temas relacionados à própria essência de exposições de arte e de arquitetura que propunha pensar o papel dos arquitetos, urbanistas e de tantos outros profissionais na construção de cidades mais justas e democráticas. Estão previstas para o segundo semestre de 2021 chamadas abertas para selecionar projetos, atividades e intervenções vinculadas à Bienal.